ROSÁRIO DO CATETE
Oposição acusa prefeito de perseguir carentes
Vereadores afirmam que administração cortou benefício social de 600 famílias por motivos político.
A oposição de Rosário do Catete não se conforma com a volta do prefeito Etelvino Barreto, oVino, PMDB, ao poder há pouco mais de um mês, e segue fazendo as mais duras críticas à administração dele. "Eles fazem o que querem aqui em Rosário e administram o município na base da perseguição", acusa o vereador Delson Leão, PSB. "Não vejo problema nenhum em ele voltar ao cargo. É direito dele, e foi a Justiça quem determinou. Agora, perseguir o povo e descontar em quem não tem nada a ver, não dá", completa.
Quanto a 'descontar em quem não tem nada a ver: Delson se refere especificamente ao corte de 600 famílias do Programa de Inclusão Social PIS -, implantado pelo ex-prefeito interino Hélio dos Santos, PV. "O beneficio vinha ajudando diretamente a 1,6 mil famílias carentes com R$ 100 mensais e o objetivo de Hélio era expandir o programa para mais 400 famílias, por isso já deixava separados R$ 200 mil todo mês. E Rosário tem condições para isso. Antes de Hélio entrar na Prefeitura sempre achávamos que o município arrecadava muito dinheiro e quando ele entrou, comprovamos que isso era verdade. São R$ 3,7 milhões para uma folha de R$ 1,2 milhões" explica Delson.
O problema é que eles quiseram justificar o corte dizendo que os registros das famílias tinham sido apagados. Uma grande mentira. Se os dados tivessem realmente sido apagados, como eles conseguiram ver as informações das outras mil famílias? De qualquer forma, nós solicitamos um backup e no dia 27 entregamos tudo a eles outra vez", garante Delson.
De acordo com ele, além dos dados virtuais havia também uma lista no banco que, segundo o gerente, foi retirada por um funcionário da Prefeitura. "Depois eles começaram a dar a desculpa de que essas famílias não iam receber porque não são daqui do município. Outra mentira, está tudo comprovado nos documentos", completou Delson Leão.
FAMfLlAS
A dona de casa Patrícia Pereira Santos, 31, foi uma das que perdeu o beneficio. Ela tem três filhos e diz que não possui nenhuma outra fonte de renda, a não ser uns trocados que consegue vendendo bala e geladinho. "Sem esse dinheiro eu não consigo manter a casa, então nãos sei o que fazer. Essa era minha sobrevivência. Bom, já tem 31 anos que eu moro em Rosário. Será que eu sou daqui? Questiona Patricia. "É tudo perseguição. Depois que VINO voltou, o pessoal do lado dele começou a mangar da gente, dizendo "toma 40, vocês vão tudo morrer de fome!", completou. O "40" é uma alusão ao número do PSB, principal oposição no município.
A irmã de Patrícia, a também dona de casa Francilene Pereira Santos, 23, não se conforma. com a perda do beneficio. "Esse dinheiro era tudo para mim. Já tenho dois filhos, estou gestante e com problemas de saúde. Até o o meu Bolsa Família também já cortaram. Há vários anos eu não recebo. Tudo isso porque eu voto no 40", lamenta Francilene, que assim como Patrícia tem dependido da ajuda da mãe, a aposentada Marlene Pereira Santos, 63. O único detalhe é que ela também teve o beneficio cortado.
Edna Vieira dos Santos, 40 anos, também está vivendo um drama parecido. Mãe de dois filhos, ela depende quase que exclusivamente do dinheiro recebido em programas sociais. "Já tiraram o PIS e tão querendo tirar também o Bolsa Família. Eu acho isso humilhante, um massacre. Eles queimaram o arquivo com os dados e estão fazendo a gente de besta o tempo todo, pedindo para a gente ir lá com o documento", relata Edna, inconformada.
Os vereadores Delson Leão e Maura Cecília Santos, PDT, recolheram a documentação de cada uma das 600 pessoas excluídas do programa e, na última quarta, dia 4, foram à Secretaria de Justiça Social para entregá-los diretamente à secretária Acácia Calazans. Acácia não recebeu os papéis e não quis conversar com a equipe do CINFORM, apesar da insistência. Os vereadores Delson e Maura tentaram entrar com uma ação no Ministério Público, mas foram informados pela promotora Pollyana Aguiar que o caso já estava sendo investigado.
OUTRAS DENÚNCIAS
De acordo com Delson Leão e Maura Cecília., diversas outras irregularidades 'tomam conta do município'. "Está havendo remanejamento de funcionários sem aviso prévio, gratificações estão sendo cortadas e regência de classe também. Tudo isso em período eleitoral, o que é um crime", acusa Maura. Segundo ela., o prefeito Vino fez um acordo com o Sintese em 2009 para pagar o piso retroativo, e também não está cumprindo.
"Ele ficou de pagar em 12 parcelas e não pagou nenhuma. Nos dois meses que Hélio esteve à frente da Prefeitura, ele pagou. Mas agora que VINO retornou, o pagamento foi cortado de novo". Completa a Vereadora . A professora Maria Lúcia de Oliveira Dantas, 41, confirma a situação. "Os diretores de escola tinham uma gratificação de R$ 480 e eles cortaram. Além disso, ele não está cumprindo o acordo de pagar o retroativo de 2009", explica Maria Lúcia.
Delson e Maura também já solicitaram à Prefeitura informações referentes à reforma da Praça Edézio Vieira de Melo - que já se arrasta há vários meses e da qual não se tem informações precisas sobre a licitação - e à pavimentação da Travessa dos Britos, que não tem sequer uma placa com orçamento, prazos etc. A reportagem do Cinform tentou entrar em contato com o prefeito Vino, mas ele não atendeu ao celular.
EXPLICAÇÃO
Na sexta, 6, o secretário de Comunicação do municipio, Domingos Sávio de Oliveira, entrou em contato com a reportagem e foi ao jornal no sábado para explicar a situação. Ele se desculpou pela atitude de Acácia Calazans e disse que ela não recebeu os documentos dos vereadores porque 'quem tem que ir lá são os próprios beneficiários'. "Como é que a gente vai receber um documento sem checar os dados diretamente com a pessoa? A secretária quer entrevistar cada um para garantir que não haja nenhuma irregularidade", afirmou Domingos.
Quanto à suposta exclusão das 600 pessoas do PIS, o secretário de Comunicação garante que isso aconteceu porque todos os dados do programa foram deletados pela administração anterior. ''A própria empresa que fez o sistema confirmou que apagou tudo a pedido deles. Neste caso, como a gente ia fazer o pagamento? Os que conseguimos pagar foi porque já tinhamos esses dados do programa anterior ao PIS e porque reunimos informações de algumas outras pessoas", informou.
Em relação à suposta lista existente no banco, Domingos diz: "Bom, a lista estava lá, mas só tinha o nome dos beneficiários. E a gente precisava checar todas as informações justamente para não dar espaço às irregularidades cometidas por eles, já que muita gente estava recebendo o dinheiro indevidamente. O caso já está até no Ministério Público", esclareceu.
No que diz respeito às obras, Domingos garante que a placa da travessa foi retirada pela própria gestão anterior. "O caso já foi até apurado pelo MP e eles vão ter que repor", afirma. Além disso, ele assegura que todas as licitações estão regularizadas. "O problema é que eles vão fazer alarde no rádio dizendo que querem ver os documentos, mas não fazem uma solicitação forma na Prefeitura. Está tudo lá disponível para quem quiser ver", completou Domingos. Ele aproveitou para dizer que o hospital será inaugurado em 60 dias. _
Matéria Extraida do Cinform
por Thiago Rocha municipios@cinform.com.br
foto:Marcelle Cristinne / Cinform
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