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terça-feira, 10 de agosto de 2010

JORNAL DO CATETE



ROSÁRIO DO CATETE

Oposição acusa prefeito de perseguir carentes

Vereadores afirmam que administração cortou benefício social de 600 famílias por motivos político.

A oposição de Rosário do Catete não se conforma com a volta do prefeito Etelvino Bar­reto, oVino, PMDB, ao poder há pouco mais de um mês, e segue fazendo as mais duras críticas à administração dele. "Eles fazem o que querem aqui em Rosário e administram o município na base da perse­guição", acusa o vereador Del­son Leão, PSB. "Não vejo pro­blema nenhum em ele voltar ao cargo. É direito dele, e foi a Justiça quem determinou. Agora, perseguir o povo e descontar em quem não tem nada a ver, não dá", completa.

Quanto a 'descontar em quem não tem nada a ver: Del­son se refere especificamen­te ao corte de 600 famílias do Programa de Inclusão Social ­PIS -, implantado pelo ex-pre­feito interino Hélio dos Santos, PV. "O beneficio vinha aju­dando diretamente a 1,6 mil famílias carentes com R$ 100 mensais e o objetivo de Hélio era expandir o programa para mais 400 famílias, por isso já deixava separados R$ 200 mil todo mês. E Rosário tem con­dições para isso. Antes de Hé­lio entrar na Prefeitura sem­pre achávamos que o municí­pio arrecadava muito dinhei­ro e quando ele entrou, comprovamos que isso era verdade. São R$ 3,7 milhões para uma folha de R$ 1,2 milhões" explica Delson.

O problema é que eles qui­seram justificar o corte dizen­do que os registros das famílias tinham sido apagados. Uma grande mentira. Se os dados tivessem realmente sido apa­gados, como eles consegui­ram ver as informações das ou­tras mil famílias? De qualquer forma, nós solicitamos um ba­ckup e no dia 27 entregamos tudo a eles outra vez", garante Delson.

De acordo com ele, além dos dados virtuais havia também uma lista no banco que, se­gundo o gerente, foi retirada por um funcionário da Prefei­tura. "Depois eles começaram a dar a desculpa de que essas famílias não iam receber por­que não são daqui do municí­pio. Outra mentira, está tudo comprovado nos documentos", completou Delson Leão.

FAMfLlAS

A dona de casa Patrícia Pe­reira Santos, 31, foi uma das que perdeu o beneficio. Ela tem três filhos e diz que não possui nenhuma outra fonte de renda, a não ser uns trocados que consegue vendendo bala e geladinho. "Sem esse dinheiro eu não consigo manter a casa, então nãos sei o que fazer. Essa era minha sobrevivência. Bom, já tem 31 anos que eu moro em Rosário. Será que eu sou daqui? Questiona Patricia. "É tudo persegui­ção. Depois que VINO voltou, o pessoal do lado dele come­çou a mangar da gente, dizen­do "toma 40, vocês vão tudo morrer de fome!", completou. O "40" é uma alusão ao número do PSB, principal oposição no município.

A irmã de Patrícia, a também dona de casa Francilene Perei­ra Santos, 23, não se conforma. com a perda do beneficio. "Esse dinheiro era tudo para mim. Já tenho dois filhos, estou ges­tante e com problemas de saú­de. Até o o meu Bolsa Família também já cortaram. Há vários anos eu não recebo. Tudo isso porque eu voto no 40", la­menta Francilene, que assim como Patrícia tem dependido da ajuda da mãe, a aposenta­da Marlene Pereira Santos, 63. O único detalhe é que ela tam­bém teve o beneficio cortado.

Edna Vieira dos Santos, 40 anos, também está vivendo um drama parecido. Mãe de dois filhos, ela depende quase que exclusivamente do dinheiro recebido em programas sociais. "Já tiraram o PIS e tão queren­do tirar também o Bolsa Famí­lia. Eu acho isso humilhante, um massacre. Eles queimaram o arquivo com os dados e estão fazendo a gente de besta o tem­po todo, pedindo para a gente ir lá com o documento", relata Edna, inconformada.

Os vereadores Delson Leão e Maura Cecília Santos, PDT, re­colheram a documentação de cada uma das 600 pessoas ex­cluídas do programa e, na últi­ma quarta, dia 4, foram à Se­cretaria de Justiça Social para entregá-los diretamente à se­cretária Acácia Calazans. Acá­cia não recebeu os papéis e não quis conversar com a equipe do CINFORM, apesar da insistência. Os vereadores Delson e Maura tentaram entrar com uma ação no Ministério Público, mas foram informados pela promotora Pollyana Aguiar que o caso já estava sendo investigado.

OUTRAS DENÚNCIAS

De acordo com Delson Leão e Maura Cecília., diversas ou­tras irregularidades 'tomam conta do município'. "Está ha­vendo remanejamento de fun­cionários sem aviso prévio, gra­tificações estão sendo cortadas e regência de classe também. Tudo isso em período eleito­ral, o que é um crime", acusa Maura. Segundo ela., o prefeito Vino fez um acordo com o Sin­tese em 2009 para pagar o piso retroativo, e também não está cumprindo.

"Ele ficou de pagar em 12 parcelas e não pagou nenhuma. Nos dois meses que Hélio esteve à frente da Prefeitura, ele pagou. Mas agora que VINO retornou, o pagamento foi cortado de novo". Completa a Vereadora . A professora Maria Lúcia de Oliveira Dantas, 41, confirma a situação. "Os diretores de escola tinham uma gratificação de R$ 480 e eles cortaram. Além disso, ele não está cumprindo o acordo de pagar o retroativo de 2009", explica Maria Lúcia.

Delson e Maura também já solicitaram à Prefeitura in­formações referentes à refor­ma da Praça Edézio Vieira de Melo - que já se arrasta há vá­rios meses e da qual não se tem informações precisas sobre a li­citação - e à pavimentação da Travessa dos Britos, que não tem sequer uma placa com or­çamento, prazos etc. A repor­tagem do Cinform tentou en­trar em contato com o prefei­to Vino, mas ele não atendeu ao celular.

EXPLICAÇÃO

Na sexta, 6, o secretário de Comunicação do municipio, Domingos Sávio de Oliveira, entrou em contato com a reportagem e foi ao jornal no sábado para explicar a situa­ção. Ele se desculpou pela ati­tude de Acácia Calazans e dis­se que ela não recebeu os do­cumentos dos vereadores por­que 'quem tem que ir lá são os próprios beneficiários'. "Como é que a gente vai receber um documento sem checar os da­dos diretamente com a pessoa? A secretária quer entrevistar cada um para garantir que não haja nenhuma irregularidade", afirmou Domingos.

Quanto à suposta exclusão das 600 pessoas do PIS, o se­cretário de Comunicação ga­rante que isso aconteceu por­que todos os dados do progra­ma foram deletados pela ad­ministração anterior. ''A pró­pria empresa que fez o sistema confirmou que apagou tudo a pedido deles. Neste caso, como a gente ia fazer o pagamento? Os que conseguimos pagar foi porque já tinhamos esses dados do programa anterior ao PIS e porque reunimos informações de algumas outras pessoas", informou.

Em relação à suposta lista existente no banco, Domingos diz: "Bom, a lista estava lá, mas só tinha o nome dos beneficiá­rios. E a gente precisava checar todas as informações justamen­te para não dar espaço às irre­gularidades cometidas por eles, já que muita gente estava rece­bendo o dinheiro indevidamen­te. O caso já está até no Ministé­rio Público", esclareceu.

No que diz respeito às obras, Domingos garante que a pla­ca da travessa foi retirada pela própria gestão anterior. "O caso já foi até apurado pelo MP e eles vão ter que repor", afir­ma. Além disso, ele assegu­ra que todas as licitações estão regularizadas. "O problema é que eles vão fazer alarde no rá­dio dizendo que querem ver os documentos, mas não fazem uma solicitação forma na Pre­feitura. Está tudo lá disponível para quem quiser ver", comple­tou Domingos. Ele aproveitou para dizer que o hospital será inaugurado em 60 dias. _

Matéria Extraida do Cinform
por Thiago Rocha municipios@cinform.com.br
foto:Marcelle Cristinne / Cinform

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