Chip da Claro é vendido em Sergipe mesmo com proibição da Anatel

Revendedores e ambulantes dizem que não sabiam da restrição de venda.

Multa por descumprimento da decisão chega a R$ 200 mil por dia.

Marina Fontenele

Do G1 SE

Apesar da suspensão da venda de chips e serviços de internet da Claro em Sergipe ter sido divulgada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na quarta-feira (18) ainda tem revendedor que diz não saber da proibição. Em Aracaju, alguns desavisados continuam comercializando os chips mesmo com a restrição valendo desde a madrugada desta segunda-feira (23). A operadora de telefonia móvel também foi punida em São Paulo e Santa Catarina.

A equipe de reportagem do G1 SE visitou dez pontos de venda do chip Claro no Centro da capital e em três deles ainda era possível comprar uma nova linha pré-paga por R$ 10. Os gerentes desses estabelecimentos disseram que desconheciam a medida da Anatel que tem como objetivo estimular a qualidade dos serviços prestados no Brasil. “Ninguém me avisou que estava proibido vender”, afirma um ambulante que preferiu não ser identificado.

Paulo César Santos é subdistribuidor de chips das quatro maiores operadoras do país, mas hoje saiu de casa com a mochila mais leve. “Deixei os da Claro em casa e estou com a missão de recolher os chips dos clientes revendedores que quiserem devolver e serem ressarcidos. Venho avisando eles sobre a restrição desde que a Anatel divulgou”, conta o autônomo.

O comerciante Alex Ferreira Santos tem uma barraca de balas há 20 anos e com a expansão de venda de linhas telefônicas resolveu aderir ao negócio. Ele trabalha de segunda à sexta-feira das 8h às 18h e mesmo com a correria do dia a dia ele conta como ficou sabendo da proibição da venda. “O subdistribuidor me disse que mesmo se eu vendesse o que tinha no estoque as pessoas não conseguiriam ativar a linha. Também ouvi o pessoal comentando na rua”.

Consumidor surpreso

Nas duas lojas diretas da Claro os vendedores informaram aos clientes sobre a proibição, mas em uma delas o aviso da Anatel só foi colocado na bancada após uma hora da abertura do estabelecimento. Um funcionário da empresa ficou encarregado de distribuir o aviso pelas filiais.

O pedreiro Jozailton dos Santos perdeu o aparelho celular e nesta segunda (23) tentou comprar um novo chip, mas não conseguiu. Mesmo com a decisão da Anatel, alguns clientes apoiam a suspensão de vendas.

“Concordo com a Anatel, pago quase R$ 90 em um plano de internet que vive caindo. Acho que as outras operadoras também deveriam ser punidas”, conta um cliente que esperava uma loja direta abrir para reconfigurar o serviço no notebook.

Proposta entregue

Em nota, a Claro informou que entregou o Plano de Ação de melhorias para a Anatel na manhã desta segunda (23). Durante a reunião com representantes da estatal, o presidente da empresa, Carlos Zenteno, se comprometeu a garantir a qualidade na rede de transmissão e a oferecer a capacidade necessária para atender a demanda durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, incluindo a instalação de um cabo submarino que ligará o país até os Estados Unidos, passando pelo Rio de Janeiro e Fortaleza.

“Com esta medida, a Claro espera a liberação para voltar a comercializar o mais rápido possível seus serviços nos três estados afetados. A empresa informa também que tomou todas as medidas necessárias para avisar os clientes, parceiros e funcionários de todo o Brasil com comunicados e campanhas nas principais mídias do país”, afirma a nota enviada pela assessoria de comunicação que destacou ainda que a decisão da Anatel está relacionada a problemas na Central de Atendimento.