Os administradores devem ter um projeto definido para governar, e não um projeto para ganhar eleição.
Wagner Quintela |
Empresário no ramo de Consultoria Pública e desde os 18 anos envolvido na política de Rosário do Catete, Wagner Quintela (PSB) já atuou como vereador, vice-prefeito e prefeito na sua cidade. Na última disputa eleitoral em 2008, na qual foi candidato à prefeitura, o Baby (como é chamado carinhosamente por seus eleitores) perdeu por apenas 197 votos para o atual gestor. Segundo ele, o dinheiro da máquina pública foi usado de forma sistemática a fim de impor à população uma candidatura despreparada. Durante o mandato de quatro anos em que dirigiu o município, Quintela optou por ações voltadas para a mudança positiva de Rosário, e desde que saiu da situação, em1996, tem trabalhado a favor dos mais carentes, dos cidadãos que desejam uma cidade com condições de vida mais dignas. Segue abaixo entrevista com o jovem líder.
Depois das últimas derrotas, o senhor ainda pretende candidatar-se à Prefeitura de Rosário do Catete na próxima eleição?
WQ - Depende do grupo político no qual estou inserido. Uma possível candidatura minha será tomada em consenso com todo o grupo. Caso o grupo seja a favor, eu atendo.
Surgiram boatos de que o senhor poderia se unir ao ex-prefeito, Laércio Passos, ou ao atual gestor, Etelvino Barreto. O senhor confirma alguma das suspeitas?
WQ – O meu projeto não é de poder, mas sim de mudança. Se qualquer um dos dois (Laércio ou Etelvino) tivesse um projeto de mudança, não haveria nenhum problema de haver união. Infelizmente nenhum dos dois tem esse foco.
O senhor tinha um patrimônio eleitoral da oposição e de seus seguidores na Câmara de Vereadores, mas agora eles totalizam quatro parlamentares. Qual o seu posicionamento diante da recente mudança de lado que a vereadora Maura Cecília (PDT) realizou?
WQ – Nós continuamos com a maioria, pois temos quatro vereadores na oposição e a prefeitura, conforme comentários dos assessores de lá, possui três parlamentares ao seu favor, enquanto Laércio Passos tem apenas dois.
E quanto à possível união de Laércio Passos e Etelvino Barreto, que impacto tem nos seus propósitos?
WQ – Nós já enfrentamos, sem medo, uma eleição com eles dois unidos. O meu objetivo é continuar fazendo oposição, que foi o lugar onde o povo me colocou. Esse é meu trabalho: lutar pelos direitos do povo, mas na oposição. Caso os cidadãos rosarenses queiram que nós trabalhemos por eles na situação, alcançaremos essa posição.
Qual o seu posicionamento em relação à possibilidade de Silvany Mamlak, esposa do prefeito de Capela, Sukita, candidatar-se à prefeitura de Rosário?
WQ – A democracia é o bom viver dos contrários. Todo mundo que vota tem o direito de ser votado. Logo, se ela é eleitora de Rosário, tem os direitos de ser candidata e de ser votada. Todavia, a candidatura de uma pessoa não pode ser um desejo pessoal. A candidatura deve ser construída e alicerçada no povo e com as alianças políticas. Eu não posso ser candidato de mim mesmo, tenho que ser candidato de um grupo político.
O senhor já tem uma coligação?
WQ – A coligação só pode ser feita após a convenção, que ocorrerá no mês de junho de 2012.
O senhor disse, em entrevista à Voz dos Municípios, que não perdeu a última eleição para um candidato, mas sim para uma estrutura de corrupção eleitoral. Como prevê o processo da próxima sucessão municipal?
WQ – Eu sonho que Rosário do Catete se torne uma cidade democrática, que o voto popular prevaleça sobre o dinheiro público principalmente. O que vem acontecendo nas eleições de Rosário é o prevalecimento do dinheiro sobre a vontade popular. Infelizmente, quem sofre é o povo, que passa a ter administrações medíocres. Eu gostaria de ver Rosário escolhendo o que é melhor para a cidade.
Como o senhor vê o desempenho da Câmara de Vereadores atualmente perante a sociedade rosarense?
WQ – Vou plagiar Lula: nunca na história desse município houve uma Câmara tão eficiente, exercendo seu papel de fiscalizador, o papel de contestar, cobrar da administração, como esta Câmara agora. É lógico que tem defeitos, como todo mundo, mas na história política de Rosário é a primeira vez também que, principalmente a oposição, trabalha com tanta eficiência.
Como o senhor vê a situação das áreas que vêm despertando mais polêmica, como a saúde e a educação?
WQ – Eu vejo que Saúde e Educação não podem ser politizadas, e sim trabalhadas efetivamente para a sociedade. Há um bom tempo, essas áreas vêm sendo politizadas em Rosário do Catete. Por exemplo, Laércio Passos, quando foi prefeito (passou oito anos), antes de transferir seu título de eleitor para a cidade de Laranjeiras e levar também o dinheiro de Rosário para lá, fechou o hospital, alegando que o prédio seria reinaugurado ainda na sua administração. Já se passaram seis anos e a obra ainda não foi concluída. Não existe um projeto definido para a melhoria da saúde. A Secretaria de Saúde está sendo gerenciada pela esposa de Laércio Passos e a cidade vive um caos no setor. Pessoas estão morrendo nos postos de saúde, outras sofrendo com a falta de medicamentos e ainda há indícios de desvio de dinheiro público que deveria ser voltado para a área. Prova disso é a CPI da Saúde na Câmara. Isso é um absurdo, é inadmissível numa administração pública. E sobre a educação, quem mais sabe dos problemas enfrentados são os professores, os alunos e seus pais. Os professores nunca foram tratados com tanto desrespeito, sem prestígio algum, como vêm sendo por essas últimas gestões. É importante que todos os problemas sejam revistos, pois não se pode proporcionar uma boa educação se não há valorização dos professores e uma boa estrutura para as escolas. Vale ressaltar também que é fundamental ouvir a categoria, pois é ela quem está presente no dia-a-dia dos estudantes, é quem sabe das dificuldades. A administração precisa escutar mais, conversar mais com quem entende, para errar menos. Essas falhas vêm ocorrendo no município não somente na Saúde e na Educação, mas também em diversos setores. Os administradores devem ter um projeto definido para governar, e não um projeto para ganhar eleição.
Que nota o senhor dá para a administração de Etelvino Barreto?
WQ – Quem sou eu para dar nota à administração de prefeito. Quem deve dar nota são os munícipes. O povo que tem que saber se o governo atual é bom ou não. Eu simplesmente tenho um modelo de administração diferente do que está aí, diferente do que foi implantado desde a época de Laércio Passos, que pregou a perseguição, a humilhação, o mau trato ao povo. Em seus mandatos, quando se pagava o Bolsa Renda, era com humilhação. Durante os dois meses que passamos na administração através do vereador Helhinho (PV), implantamos o Programa de Inclusão Social (PIS), que foi pago a todas as pessoas que tinham necessidades, que eram carentes realmente e sem distinção de cor partidária, o que é fundamental. Nós mostramos à população de Rosário que não existia crise financeira, e sim crise administrativa. Após a administração de Helhinho, o dinheiro começou a aparecer, a arrecadação começou a aparecer e isso mostrou que antes existia alguma coisa errada. Eu sou contra esse modelo de gestão que foi implantado desde a administração anterior. Sou a favor de um governo diferente, um Rosário diferente, um Rosário que pode crescer muito mais. Um Rosário que pode mais. Então, quem deve dar nota à administração do atual governo é o povo, se achar conveniente.
Fonte: Jornal A voz dos municípios edição338.
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