segunda-feira, 26 de abril de 2010

POLITICA DO CATETE.



ROSÁRIO, " SEM PREFEITO". CLIMA TENSO PERMANECE.

TRE determinou a manutenção do afastamento de Etelvino. Novas testemunhas dizem ter recebido grana de Laércio, apoiador do eleito.
por Thiago Rocha.

A situação política do pre­feito e o vice de Rosário do Catete, Etelvino Barreto, oVino, PMDB, e Alexsan­dro Araújo, PT, parece es­tar cada vez mais compli­cada. Primeiro, eles tiveram o mandato cassado por su­posto abuso de poder eco­nômico na eleição de 2008, depois a oposição lançou a acusação de que a esposa de Vino, Maria das Graças Bar­reto, recebia indevidamente da Prefeitura um salário de quase R$ 5 mil.

Na última terça, 20, o Tri­bunal Regional Eleitoral ­TRE - julgou o agravo que pedia a suspensão da cassa­ção e, além de negar o pedi­do, definiu que não haverá eleições no município até o julgamento da Ação Cante­lar. Enquanto isso, a cidade está sendo administrada in­terinamente pelo presidente da Câmara, o vereador Hé­lio dos Santos, PV; que já empossou os novos secre­tários. Ele preferiu não se manifestar sobre o assunto, mas a reportagem do Cin­form conversou com a sua base aliada.

MUDANÇAS

Um dos secretários empossados é Antônio José da Silva Filho, na Secretaria de Administração.Segun­do ele, a cidade 'está viven­do um momento muito difícil por conta da má admi­nistração e da instabilida­de política' pela qual Rosá­rio vem passando nesse mo­mento. "Na época das elei­ções eu apoiei Vino, mas logo depois saí do grupo por não concordar com a ma­neira como as coisas vinham sendo levadas", diz Antônio José.

Outra que também 'mu­dou de lado' foi a vereado­ra Maura Cecília, PDT, que foi eleita pela coligação de Vino, mas logo no início do mandato passou a lhe fazer oposição. "Ali é um grupo de ditadores, de corruptos, de pesssoas que fazem política voltada para elas mesmas e não para o povo", justifica a vere adora. Ela completa: "O município está abandona­do. Não tem infraestrutura, as obras nunca são finaliza­das, duas escolas foram fe­chadas".

O ex-prefeito e novo se­cretário de Articulação Po­lítica, Dernival Rodri­gues, confirma a situação. "Há sete meses a Prefeitu­ra não recolhe a contribui­ção do INSS e há cinco me­ses o FPM - Fundo de Par­ticipação dos Municípios ­está bloqueado", afirma. "Eu não entendo como uma cidade que arrecada uma mé­dia de R$ 3,5 milhões passa da metade do mês e não tem um centavo para a folha de pagamento", completa Der­nival Rodrigues.

DENÚNCIAS

O também ex-prefeito e atual assessor administra­tivo da Câmara, Wagner Quintela, PSB, que dispu­tou as eleições de 2008 com Vino, se diz indignado com a situação de Rosário e cha­ma Laércio Passos, PMDB ­ex-prefeito e principal alia­do de Vino -, de 'mentiro­so'. "Laércio tem a síndrome do Pinóquio. Ele vem com a desculpa de que Vino não ti­nha recursos para comprar voto, mas na verdade tudo isso foi feito com dinheiro público da administração dele. E as provas são con­cretas. Está tudo nos autos", afirma Wagner:

Em relação às acusações de abuso de poder econômi­co, o guarda municipal José Auricio dos Santos se diz VÍ­tima de suborno e confirma a situação. "No dia 30 de se­tembro de 2008 Laércio foi lá em casa e me ofereceu R$ 3 mil pra que minha família votasse em Vino. Aí ele me levou no carro dele e me deu 30 notas de R$ lOO", confessou José Auricio.

Aurício diz que, apesar de ter recebido o dinheiro, nunca teve intenção de votar em Vino. "Tanto é que no outro dia Laércio mandou duas pessoas lá em casa pra obrigar a tirar a faixa de Wagner que estava na porta, mas eu disse que não ia fazer isso". Ele (Laércio) fez malandragem comigo. Então eu fiz com ele também", justifica Auricio.

Outra pessoa que também confirma as acusações de compra de voto é a dona de casa Valdete Barbosa Dorta. "Laércio chegou pra mim e disse: 'eu lhe dei essa casa e agora não quero que você me abandone'. Aí depois me enviou R$ 500 e mandou colocar uma faixa de Vino na minha casa sem minha permissão. Quando eu disse que ia arrancar, La­ércio disse que eu não po­dia fazer isso porque foi ele quem tinha me dado a casa", se queixa Valdete. Com o di­nheiro recebido, a dona de casa afirma ter comprado comida e um aparelho de DVD. Segundo ela, seu ir­mão também teria recebido dois cheques da Prefeitura no total de R$ 350, um no nome dele mesmo e um no nome do marido dela.

POPULAÇÃO

Entre os moradores da ci­dade há os que acham a decisão de afastar o prefeito justa mas há também os que defendem Vino com unhas e dentes. A professora Gisélia Maria dos Santos por exemplo, é uma destas pessoas. "Etelvino e um bom prefeito. Eu achei errado ele ser afastado, porque está pagando pelo que não fez. Mas Deus é justo, e ele há de voltar. pode ter mil eleições, mas eu vou votar sempre no 15", afirma Gisélia. Sua filha a dona de casa Tainan dos Santos, completa: "Wagner nunca fez nada por Rosário, e ainda saiu devendo. Ele pode até conseguir entrar agora, mas ele nunca vai ganhar pra Laéwrcio no voto.

Há ainda os que dizem não gostar da administra­ção, mas preferem não fa­zer juízo de valor sobre a cassação. "O prefeito real­mente não estava fazendo nada, e ainda por cima aca­bou com várias coisas, como a escola dos excepcionais e a biblioteca do colégio. Mas quem vai dizer se ele é culpado mesmo ou não é a Jus­tiça", opina a auxiliar admi­nistrativa Maria das Graças Souza. O armador de cons­trução civil Jorge de Olivei­ra tem opinião semelhante: "Não sei se é justo ou injus­to, quem vai dizer é a Jus­tiça. Mas na verdade a ad­ministração dele não estava boa, a cidade está uma ba­gunça", diz.

CONTRA PONTO

Durante a realização da matéria a equipe do Cin­form tentou por diver­sas vezes entrar em contato com Etelvino Barreto para dar a sua versão sobre os fatos. Ao falar com a reportagem Vino afirmou que to­dos os informes contra ele e sua esposa se tratam de 'bo­atos da oposição', já que, se­gundo ele, 'não existem pro­vas de nada'. "Quando o re­sultado saiu na terça eles fi­zeram festa, me xingaram, macularam minha imagem. É tudo uma armação", la­mentou Vino. "Mas eu con­fio muito no Ministério Pú­blico e vamos entrar com outros recursos", garantiu o prefeito afastado.

Quando perguntado so­bre as acusações de com­pra de votos, Vino foi enfáti­co. "Voto não se compra. Se conquista". No que se refere à polêmica envolvendo o sa­lário recebido pela sua mu­lher, Maria das Graças Bar­reto (que supostamente es­taria ganhando R$ 4,8 mil por conta de uma gratifica­ção de 200% sem nem se­quer comparecer à cidade), o prefeito afastado garantiu que não há nenhuma irregu­laridade. "Ela é professora do município e pós-graduada", disse. Vino não quis entrar em detalhes sobre a quaritia que Maria das Graças recebe da Prefeitura, mas questio­nou: "E os outros professo­res, quanto é que ganham?".

Vino informou à repor­tagem que gostaria de rea­lizar uma entrevista pesso­almente na sexta-feira pela manhã juntamente com a assessora de imprensa da Prefeitura, Cláudia Meireles mas a equipe do Cin­form não conseguiu conta­to com ele para confirmar a reunião. No dia seguin­te Vino informou que não havia visto as ligações e ga­rantiu que a assessora en­traria em contato para es­clarecer os fatos, mas isso também não aconteceu. A reportagem não consegui falar com Laércio Passos que não atendeu o celular durante toda a semana.

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