quarta-feira, 30 de maio de 2018

A MEMÓRIA DE DOM LUCIANO DUARTE

Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento
A memória está depositada nas lembranças dos velhos, em registros escritos nas bibliotecas, em computadores, em residências de particulares, em empresas, no espaço urbano, no campo.
Sergipe perdeu nesta terça-feira, 29 de maio de 2018, um dos seus filhos de maior importância, que nos legou importantes registros de memória que dão sentido a História da vida deste Estado durante a segunda metade do século XX. O Arcebispo Emérito de Aracaju, Dom Luciano José Cabral Duarte, que morreu aos 93 anos de idade, foi uma das figuras de que maior contribuiu com a vida de Sergipe, sob todos os aspectos e, como todos os homens de brilho e com capacidade de liderar despertou também muitas polêmicas em torno do seu nome.
Ao longo de toda a sua vida sacerdotal e docente, Dom Luciano Duarte teve ao seu lado, como guardiã do seu trabalho e também da sua memória, a expressiva figura da sua irmã, Carmen Dolores Duarte, irmã de Dom Luciano, uma espécie de secretária particular do prelado. Se já o era antes, agora é fundamental que os intelectuais brasileiros aprofundem a reflexão sobre as formas de ação de Dom Luciano José Cabral Duarte.
Ele foi um pastor obstinado com a sua missão, homem de personalidade igualmente forte, alta sensibilidade social, extraordinária capacidade de realização e um refinado intelectual no trato das idéias. Doutor em Filosofia, professor, fundador da Faculdade Católica de Filosofia, do Ginásio de Aplicação e da Universidade Federal de Sergipe. Jornalista, radialista, dinamizador de um importante projeto de assentamento agrário, escritor, uma das principais lideranças da Igreja Católica no Brasil e Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM.
Agora, é tarefa de todos analisar a sua trajetória de vida, passando pelas suas atividades em família, pelo período durante o qual foi estudante, pela sua vida de sacerdote católico, de intelectual e profissional da educação, da cultura e da assistência social. É notável a contribuição dada por ele. É importante salvaguardar a sua memória, envidar esforços para compreender este passado recente da vida brasileira. É este o melhor caminho para aprofundar a narrativa histórica.
Foi pelo esforço de Carmen Duarte que se organizou o acervo documental que pertenceu a Dom Luciano Duarte e que atualmente se encontra depositado no Museu de Arte Sacra, em São Cristóvão, institutição fundada pelo próprio Arcebis durante o período no qual governou a Arquidiocese de Aracaju e liderou a Igreja Católica em Sergipe. O material inclui documentação impressa, manuscrita, áudio-visual e magnética, com significativo valor para a sua memória. Também foram incorporados documentos por familiares e amigos de Dom Luciano. Do mesmo modo que o acervo musical com gravações em Long Plays que o prelado acumulou ao longo da sua vida. E a sua biblioteca. São aproximadamente 8.600 documentos escritos e cerca de 5 mil fotos. E mil LPs digitalizados e transformados em CDs.

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