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| Cláudio Nunes |
Uma análise do governador em exercício
O vice-governador Jackson Barreto (PMDB) assumiu ontem, 05, o cargo de governador com as férias do titular, Marcelo Déda (PT), por dez dias. Em outubro do ano passado, Jackson assumiu por 14 dias o cargo de governador quando Déda viajou à Itália representando o governo do Estado.
Jackson Barreto é antes de tudo um político que gosta de polêmica e não esconde o que pensa. Quando quer vai direto da jugular do adversário. Apesar de iniciar a carreira do antigo MDB e passar por vários partidos, Jackson foi forjado na escola do antigo Partidão, o PCB, quando na clandestinidade. Foi lá que teve o apoio, juntamente com Jonas Amaral, em algumas eleições dos comunistas quando estavam na clandestinidade. Conviveu e aprendeu com figuras históricas, Manoel Vicente, Gervásio (Careca), Lourival, Burguesia, Lídio da Cocada, José Nunes, Agonalto Pacheco e os ainda lúcidos Antônio Bittencurt e Asclepíades José, o Bengala. E na década de 80 com Wellington Mangueira, Faustino, Marcélio Bomfim, Cerivaldo Pereira, Laura Marques, entre outros.
Foi o prefeito mais votado proporcionalmente do país em 1985, quando do retorno das eleições diretas. Teve o apoio de várias lideranças, entre elas do então governador João Alves. Mas pouco depois teve que amargar uma intervenção na Prefeitura de Aracaju e em 1988 elegeu Paixão como prefeito e estourou de votos para a Câmara Municipal levando uma “penca” de candidatos com ele. Em 1989, numa manobra política, a Câmara rejeitou as contas de Jackson tornando inelegível para 1990, quando disputaria o Senado e teve a candidatura cassada.
O estilo de Jackson do passado pode ser rememorado com o cartaz ao lado que foi colocado nos quatro cantos de Aracaju (cuja autoria foi atribuída a JB na época). Num belo dia Aracaju amanheceu parecendo uma cidade do faroeste norte-americano, cheia de cartazes no estilo “Procura-se”. Com o mesmo tipo de letras e a manchete “Os carrascos de Jackson Barreto”. No comando o governador de então, João Alves, o prefeito Paixão (que aquela altura tinha rompido com JB), José Carlos Teixeira e José Carlos Machado. Valadares foi poupado por sorte, já que naquele período estava sem mandato e fora da vida pública.
| O cartaz distribuido por toda Aracaju quando da rejeição das contas de Jackson pela Câmara de Aracaju. |
O ápice foi em 1994, quando Jackson ganhou a disputa pelo governo estadual para Albano Franco no 1º turno. Mas a força da máquina, comandada por João, deu a vitória a Albano no 2º turno.
Chega 1998 e o divisor de águas para Jackson Barreto. Rasga sua história política deixando todos boquiabertos com um acordo com o governador Albano Franco que disputaria a reeleição e Jackson a única vaga para o Senado. Não deu outra o acordo foi rechaçado pela população e Jackson perdeu para Maria do Carmo. Depois de retornar a Câmara dos Deputados, Jackson chega a vice-governadoria em 2010.
O Jackson de hoje está bem diferente do Jackson da década de 80. Aprendeu com as derrotas e os amigos que deixou pelo caminho. Ainda tem a língua afiada, mas sua metralhadora giratória não dispara aleatoriamente como no passado, mas em direção do alvo que deseja acertar.
Jackson quer chegar ao governo em 2014 e já deixou claro pela imprensa que não “abre nem para um trem”. Tem contra ele diversos empecilhos, não só políticos, mas adversários de peso como é o senador Eduardo Amorim.
Em 2014 Jackson completará 70 anos. Dizem que é a idade onde o homem pode mostrar que é como vinho, quanto mais velho, melhor. Porém, em 2014 a maioria do eleitorado estará renovada. E o Jackson que representou a renovação (não só na idade) na década de 80 não será mais novidade, pelo contrário, representará um governo que prometeu mudanças e um novo Sergipe.
E até este momento, 06 de Janeiro de 2012, o governador Marcelo Déda tem uma divida muito alta com o eleitorado sergipano. Resta saber se ele terá coragem e vontade para saná-la até 2014.
Fonte: infonet

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