terça-feira, 30 de novembro de 2010

Dons da população e os donos da democracia.



Todo cidadão que decide investir na 'carreira' política deve entender que, uma vez eleito, está ali para servir à população, defender seus interesses (do povo!) e representar a comunidade em todas as instâncias, entre elas, na imprensa. Ninguém é obrigado a ser prefeito. Portanto, o sujeito que chega lá deve ter 'maturidade para aceitar e lidar com os bônus e, principalmente, com o ônus de ocupar um cargo de gestor público.

É triste ter que usar as palavras 'investir' e 'carreira' na mesma frase em que se descreve a política. Mas infelizmente há muito essa nobre prática perdeu o sentido original, e hoje serve para dar continuidade aos projetos das famílias dominantes: assim como na Monarquia, na maioria dos municípios o 'trono' é estritamente hereditário, já que, no geral, as mesmas famílias governam há décadas, e a cada eleição 'lançam' um membro 'novo' na política local- geralmente quando chega aos 20 anos e ainda não conseguiu fazer nada da vida sem a sombra do nome da família.

É assim que se formam os 'políticos profissionais' que, por estarem bem distantes do 'dever-ser: infelizmente sentam no trono confortável da Prefeitura, não fazem nada por quatro anos, voltam a não fazer nada por mais quatro, e ainda conseguem eleger um sucessor no fim o mandato - pelo simples fato de ter um '$obrenome forte: Resultado: se tomam os 'prefeitos-fantasmas' mais legítimos, não cumprem seu dever social, não têm coragem de encarar a imprensa e não estão nem aí para a população. E muitos desses 'prefeitos que estão só 'cumprindo tabela' têm sido citados constantemente aqui.

Eduardo Viegas, de Indiaroba, fugiu e deixou o trono com o pai; Janete Barbosa, de Salgado, usa o secretário de Planejamento para descascar seus pepinos na imprensa; José Nilton de Sousa, de Pirambu, colocou um radialista para se comunicar com os jornais e os outros prefeitos nunca comparecem a nenhum evento; Gilson dos Anjos, da Barra, só fala em nome da associação que preside; Eduardo Prado, de Santa Rosa, nunca sabe de nada e deixa a batata quente nas mãos do secretário de Finanças; Vino Barreto, de Rosário, não dá bolas para os jornalistas e encarrega o secretário de Comunicação para explicar que o prefeito não nasceu com o 'dom' do diálogo.

Até quando isso vai perdurar? 2012 está chegando, e com ele, a lamentável indicação de que casos como esses podem continuar existindo no interior. Alex Rocha, de São Cristóvão, acredita que ' dos 75 pelo menos 70 não se reelegeriam (inclusive o próprio); no entanto, é muito provável que a maioria ainda seja capaz de colocar um sucessor para fazer o mais do mesmo.

É preciso que os eleitores já comecem a pensar no caso para identificar os que não têm os dons do compromisso e da democracia e assim barrar o .projeto deles de se tomarem os donos da população. Afinal, é o povo quem tem o dom de eleger e 'deselegei, pois é ele o verdadeiro dono da democracia.

Fonte: Jornal Cinform

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