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sábado, 16 de outubro de 2010

Polêmica PT, aborto e setores católicos leva Déda a procurar Dom Lessa

Governador escuta do arcebispo que a igreja continuará fervorosa no combate a legalização do aborto.

Por volta das 13 horas, desta sexta-feira, dia 15, o governador Marcelo Déda (PT), o arcebispo de Aracaju, Dom José Palmeira Lessa, e mais três bispos, deixaram uma das salas da sede da Igreja Católica em Sergipe, após uma conversa que durou boa parte da manhã. Diante da polêmica sobre uma suposta perseguição de líderes católicos (e evangélicos) contra a candidatura da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, por conta da sua posição sobre a legalização do aborto, o governador não hesitou em procurar o arcebispo Dom Lessa. O discurso do religioso, durante a procissão de Nossa Senhora Aparecida, no conjunto Bugio, na terça-feira 12, avigorou a polêmica PT, aborto e religiosos, pautando, inclusive, um acirrado debate na Assembleia Legislativa, entre os deputados Francisco Gualberto (defendendo o PT) e Venâncio Fonseca e Augusto Bezerra, que tomaram as dores da igreja frente às críticas do petista. A repercussão na mídia foi inevitável. "Estou com a Igreja Católica. O PT é um partido criminoso", chegou a declarar o deputado federal Mendonça Prado (DEM) ao Universo Político.com.

O governador Marcelo Déda, por sua vez, que já havia revelado também ao Universo Político.com que "é preciso cuidado com os falsos profetas", levou para o encontro de hoje com os católicos um diálogo de paz, cuja intenção, segundo ele, foi tranquilizar a igreja. "Eu ouvi de Dom Lessa as preocupações da igreja, questões legítimas para a apreciação do mundo político, e também tranquilizei os senhores bispos e a comunidade católica sergipana de que a discussão que travaremos nestas eleições não implica em nenhuma revisão do atual marco constitucional, e o marco legal do aborto e de outras questões de ordem moral que fazem parte das preocupações tradicionais da liderança católica em nosso Brasil", revelou o governador, ao conceder entrevista, ainda na Cúria, aos jornalistas Raissa Cruz (Universo Político.com) e Marcos Couto (Rede Ilha).

Para o governador, as questões religiosas estão sendo usadas como arma de manipulação do eleitoral. Entretanto, ao ser provocado sobre a participação de religiosos, não políticos, como o Padre José Augusto e o próprio Dom Lessa, que em pregações orientaram os eleitores a não compactuarem com candidatos que discordam das ideologias da igreja (José Augusto, inclusive, foi taxativo, durante uma missa na Canção Nova, ao afirmar que não vota no PT), Déda acentuou: "O estado é laico, não professa religião, mas isso não impede de que ele busca ouvir a opinião de uma instituição tão importante como a entidade religiosa. Mas não vejo a Igreja Católica combatendo nem o PT nem outro partido. O que vejo são políticos se valendo da fé do povo para buscar seus interesses pessoais e partidários".

Segundo Déda, "há políticos que tentam transformar posições doutrinárias da igreja em arma de guerra. Políticos que se valem de concepções religiosas para disseminar pensamentos contra seus adversários. Nossos companheiros têm que repelir essas posições, e demonstrar o que há de mentiroso de alguns que tentam jogar na ministra Dilma posições caluniosas", orientou Déda aos seus aliados.

Dom Lessa: combate ao aborto continua

O arcebispo Dom Lessa, por sua vez, assegurou que, na conversa que teve com o governador, voltou a sustentar que a Igreja Católica continuará, sim, fervorosa no combate à legalização do aborto. "Uma sociedade cresce quando se preserva valores, principalmente a vida", ratificou o que havia dito no Bugio. Lessa confirmou que mencionou questões eleitorais durante seu discurso na procissão, contudo, acredita que suas palavras foram interpretadas de forma emotiva por "muitos". Leia-se: pela oposição ao PT.

"No momento eleitoral, há muita paixão no ar, então, naturalmente, uma pessoa pode pegar uma palavra da gente e levar para um lado partidário. Mas depois de eu colocar em evidência os valores da vida, usando pontos concretos da vida de Nossa Senhora, eu disse que era muito bom que os dois candidatos Serra e Dilma fossem ao cartório e fizesse por escrito sua posição clara em favor da vida. Então, eu estava ali ajudando a sociedade a pensar um pouquinho em favor da vida. Todos os direitos são importantíssimos, mas se você não garantir o primeiro direito que a vida então os demais direitos servirão pra quê? Para os que estão vivos e matou, cometendo uma injustiça?", questionou Dom Lessa. Resta saber se os dois candidatos têm coragem de seguir o conselho do arcebispo.

Fonte: Por Raissa Cruz / Universo Político.com

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