Na manhã de hoje, dia 08, na primeira entrevista coletiva concedida depois da derrota que obteve nas urnas no último domingo, o ex-governador João Alves Filho (DEM) acusou o seu opositor, o governador reeleito Marcelo Déda (PT), de ter usado artifícios sem princípios para ganhar as eleições. João apontou desde a manipulação de pesquisas, ao desmando de dinheiro pelo Estado, incluindo a vinda às pressas, no final da campanha, do presidente Lula a Sergipe.
"Eu sabia que seria uma campanha dura, mas não imaginava que ele (Marcelo Déda) se utilizaria dos artifícios que utilizou. As pesquisas, por exemplo, foi um absurdo. O Ibope me colocou 18 pontos abaixo do governador Marcelo Déda. Algo fora da realidade que vínhamos. E como a própria Veja colocou, as pesquisas de termômetro passaram a ser bússola. Então, uma das coisas que mais me prejudicou foram essas pesquisas manipuladas", acentuou João para jornalistas, reafirmando o que havia dito ao Universo Político.com no dia das eleições.
O ex-governador destacou ainda a influência do poder econômico no resultado eleitoral. "Com essas pesquisas influenciadoras, ficamos sem apoio da maior parte dos empresários. Somando todos da nossa coligação, não conseguimos R$ 4 milhões. Enquanto isso, tinha candidato que gastou só na última semana de campanha R$ 20 milhões. Houve um desmando de dinheiro em Sergipe nunca visto antes. E quem afirma isso não sou eu apenas, quem falou primeiro foi o aliado de Déda, o senador Valadares (PSB), e o líder do governo naAssembleia, deputado Francisco Gualberto", assegurou.
Apesar disso, João acredita que Déda percebeu, na veracidade, segundo ele, das pesquisas internas e do boca a boca, que seu desempenho não condizia com o que apontava o Ibope, e por isso recorreu ao presidente Lula para vim a Sergipe. Segundo João, essa jogada acabou favorecendo o governador na disputa. "Trazer o presidente faltando dois dias para as eleições foi uma atitude de desespero de Déda. E acabou que o presidente Lula conseguiu cumprir o que ele queria. Ele não disse que iria me destruir? Por isso que ele veio", julgou João.
Déda foi carregado
Para João, a derrota desta eleição foi maior para Déda do que para ele, pois, segundo o ex-governador, Marcelo Déda não conquistou vitória por si só, mas foi levado por outros. Esse entendimento de João assemelha-se com a entrevista concedida ao Universo Político.com pelo deputado federal, reeleito, Mendonça Prado (DEM). No entanto, diferente de Mendonça, João não menciona o nome do empresário Edvan Amorim (PR), que coordenou a campanha vitoriosa do seu irmão ao Senado, Eduardo Amorim (PSC), como o portador das costas que carregou o governador Marcelo Déda nesta eleição.
"Tenho que reconhecer que Déda foi um vitorioso, porque não importa como os votos chegaram às urnas, mas as urnas não mentem. Ele ganhou. Mas antes vínhamos que os candidatos encostavam-se em Déda pra conseguir votos. Hoje vemos que Déda ganhou, mas ganhou devendo favores, porque foi levado nas costas por outros políticos. Isso, pra mim, mostra que quem perdeu mais nesta eleição foi ele. Eu perdi, mas foi uma campanha honrosa pra mim, porque eu mão quebrei nenhum dos meus princípios. No entanto, Déda precisou deixar seus princípios. Precisou se juntar as forças políticas que ele sempre criticava. Foi carregado por elas, e ainda ganhou sem uma grande diferença de percentual", alfinetou João, destacando a derrota do governador em Aracaju.
Disputa em 2012
Ao ser provocado sobre a possibilidade de disputar as eleições em 2012, em Aracaju, João saiu-se dizendo que o momento é de se concentrar no segundo turno da eleição deste ano. "Não queremos discutir por enquanto nada sobre 2012. Estamos agora concentrados na eleição do candidato José Serra e lutaremos até o último segundo para esta vitória", disse ele, avisando que ainda hoje estará se reunindo em um almoço com lideranças para traçar novos planos para a campanha de Serra em Sergipe.
João fez questão ainda de dizer que não pretende deixar tão cedo a política, e pode até voltar a disputar o governo do Estado. "O governador eleito do Tocantins tem 81 anos. Itamar Franco tem 80 anos e está no Senado. Então eu ainda me sinto novo, como um jovem, para me manter na política", disse, aos risos.
Nilson: um articulador
Na coletiva à imprensa, o ex-governador aproveitou para agradecer aos seus eleitores e aliados. E destacou a atuação do seu vice na chapa, o ex-secretário de Déda, Nilson Lima (PPS). "Nilson foi o grande articulador na fase operária da nossa campanha. Um homem sério e guerreiro. Um dos políticos mais capazes que eu já vi. Sua presença foi essencial em nossa coligação", observou João, que acrescentou: "agradeço a todos que votaram em mim e todos que estiveram comigo nesta campanha. Apesar do resultado, valeu apena. Estive de porta em porta em contato com o povo. Tive o apoio dos jovens, que são muito puros em seus ideais, e isso pra mim é muito gratificante. Estive ainda ao lado de lideranças especiais que vestiram a camisa com dedicação", disse, agradecendo aos líderes municipais.
Fonte: Por Joedson Telles e Raissa Cruz / Universo Político.com
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