Páginas

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Declarações de Dom Lessa são vistas como mais um ataque ao PT e à Dilma

Pautados pelo religioso, Augusto e Gualberto levam os temas aborto e vida à tribuna da Assembleia.

Depois que o padre José Augusto da TV Católica Canção Nova pregou durante uma missa, na semana passada, que, por ser a favor de Jesus Cristo e da vida, está contra a candidata do PT, Dilma Rousseff, segundo o vigário pelo fato de o partido ser favorável ao aborto, entre outras coisas vistas por ele como absurdas, o bombardeio de setores da Igreja Católica não parou de crescer. O PT chegou a entrar com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo direito de resposta à Canção Nova. Não adiantou. Mais pancada na Internet.

Ontem, terça-feira dia 12, durante uma missa em Minas Gerais, em homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, um grupo de bispos da CNBB chegou a assinar e distribuir um panfleto contra a candidata do PT. Por aqui, não houve distribuição de material. Todavia, durante a tradicional procissão do conjunto Bugio, ao ratificar que a Igreja Católica é a favor da vida, o arcebispo de Aracaju, dom José Palmeira Lessa, não apenas colocou mais lenha no fogo, como também pautou a sessão da manhã desta quarta-feira, dia 13, na Assembleia Legislativa.

Ainda sob a fumaça das colocações de Dom Lessa, e, evidentemente, insatisfeito com as críticas que outros setores da Igreja Católica estão fazendo à "companheira" Dilma, o deputado petista Francisco Gualberto, líder do governo, usou a tribuna da Assembleia Legislativa para rechaçá-las. Segundo o parlamentar, provar ser a favor da vida é fazer algo em benefício do irmão, do próximo. "É quando você dá a mão para que uma pessoa que esteja sendo soterrada volte à tona.

Aí é defender a vida. Mas quando você toma partido de alguém que sempre enterrou a parte da pobreza brasileira, quando a gente toma parte ao lado de alguém que quando governou, como ministro do planejamento, e 30 milhões de brasileiros viam o sol nascer, mas não tinha o que comer? Então, ser a favor de pessoas assim é ser a favor do retorno da miséria. E como o tema é o aborto, ora, se volta a miséria a galopar, quando mais miséria mais adolescente engravidando precocemente. Mais aborto clandestino e mais mortes por infecção. Portanto, isso não é defender a vida. E não ataquei a Igreja Católica, mas setores que estão fazendo campanha para Serra, mentindo que Dilma é contra a vida. Isso é oportunismo", disse Gualberto.

Nem a ditadura bateu na igreja

Na ótica do deputado estadual Augusto Bezerra (DEM), vice-líder da oposição na Casa, contudo, há um grande equívoco nas palavras do deputado Francisco Gualberto. Dizendo-se solidário a Dom Lessa, e, evidentemente, não desperdiçando a chance de fazer a sua pequena parte para que o presidenciável tucano José Serra supere a candidata petista e assuma a Presidência da República, em janeiro de 2011, Augusto Bezerra classificou as palavras do desafeto declarado como desrespeitosas. E ainda mencionou que o adversário faz política atabalhoada.

Ao usar a tribuna, Augusto Bezerra explicou estar solidário a Dom Lessa, e lamentou que o deputado que fala em nome do governador Marcelo Déda (PT), segundo ele, tenha atacado a Igreja Católica. "Nem a ditadura bateu na Igreja Católica. O PT exagerou na dose. A igreja não tem candidato. É a favor da vida. Então, um candidato que se posiciona a favor da vida, a igreja fica a favor. Quem esteve na procissão (Bugio) viu Dom Lessa falar que a igreja quer alguém que se comprometa com a vida. Então, é claro que a igreja não fica satisfeita ao saber que o PT tem um Projeto de Lei, tramitando no Congresso Nacional, o 1.153/91, que prega a liberação do aborto de todas as maneiras", explicou Augusto Bezerra.

Fonte: Por Joedson Telles / Universo Político.com

Nenhum comentário: