domingo, 25 de abril de 2010

POLITICA DO CATETE.




WAGNER QUINTELA

Publicada: 25/04/2010

Texto: Viviane Paixão

Rosário do Catete vive um novo momento político. O município está sendo governado pelo presidente da Câmara, vereador Hélio dos Santos (PV), que foi empossado no cargo após a decisão em primeira instância da Justiça Eleitoral, afastando o prefeito Etelvino Barreto (PMDB) por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2008. Dois recursos já foram julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral mantendo o afastamento do prefeito.

O mais recente na última terça-feira (20), quando o Pleno do TRE apreciou o Agravo Regimental interposto pelos advogados de Etelvino Barreto, pedindo efeito suspensivo na decisão de 1º grau. O placar foi apertado: 4 votos e 3, com o voto de minerva do presidente do Tribunal, desembargador Luiz Mendonça, que manteve o prefeito fora do cargo. Agora, com uma maior tranquilidade política, o grupo de oposição começa a traçar as primeiras medidas administrativas na Prefeitura de Rosário. Já o segundo colocado nas eleições e responsável pela ação eleitoral que culminou no afastamento do prefeito, Wagner Quintela (PSB) afirma que está tranquilo e esperando as novas decisões do Judiciário. “Finalmente, a justiça foi feita. Foram momentos de agonia e de angústia.

Mas a Justiça tem seus prazos e deve dar decisões seguras. Acredito ser melhor esperar, mas ter em mãos uma sentença embasada, que foi confirmada duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral. Apesar da demora, o mais importante é a certeza de que a Justiça reconheceu os abusos existentes no pleito de Rosário”, afirma o socialista. Em entrevista ao Caderno Municípios, Quintela fala sobre o governo interino, diz qual tem sido sua participação nele e conta se já está se preparando para uma nova disputa eleitoral.

JORNAL DA CIDADE – Qual a sua avaliação das decisões favoráveis ao afastamento do prefeito de Rosário, Etelvino Barreto, pela Justiça Eleitoral?

Wagner Quintela – A de que, finalmente, a justiça foi feita. Quem analisar os processos contra a coligação do prefeito afastado irá verificar provas plausíveis de compra de voto, abuso do poder econômico e político nas eleições de 2008. Não tiraram a eleição de Wagner Quintela, mas do povo. Nunca se viu em Rosário o que o ex-prefeito Laércio Passos, que coordenou toda a campanha de Vino, fez. Foi algo extremamente escandaloso. Mesmo assim, com todo o abuso que houve, perdemos a eleição por uma diferença de apenas 3,43% dos votos, um dos resultados mais apertados de Sergipe. Por isso não tivemos outra alternativa a não ser recorrer à Justiça para que os candidatos eleitos à base do dinheiro e do poder político fossem afastados como forma de punição pelas agressões cometidas por eles às regras da boa disputa.

JC – Dezessete meses depois do resultado eleitoral, a Justiça afastou o prefeito. Não foi tempo demais?

WQ – Antes de responder à sua pergunta, vale lembrar que ainda existem outras sete ações a serem julgadas. Realmente havia uma cobrança muito grande por parte da população sobre o julgamento dessas ações. Foram momentos de agonia e de angústia. Mas a Justiça tem seus prazos e deve dar decisões seguras. Acredito ser melhor esperar, mas ter em mãos uma sentença embasada, que foi confirmada duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral. Apesar da demora, o mais importante é a certeza de que a Justiça reconheceu os abusos existentes no pleito de Rosário.

JC – E qual será a postura de Wagner Quintela a partir de agora?

WQ – A mesma de sempre. Permanecerei paciente, tranquilo e aguardando as novas decisões da Justiça Eleitoral. Uma batalha nós já conseguimos vencer: a de provar para o Estado de Sergipe que a corrupção eleitoral usurpou a vontade do povo de eleger um candidato através do voto popular. Por enquanto o momento ainda é de paciência e bom senso. Não só da minha parte, mas de todos aqueles que acreditam no projeto político do nosso grupo.

JC – Houve festa em virtude da decisão do pleno do TRE?

WQ – Essa, inclusive, é uma das diferenças do nosso grupo para o que estava no poder. Se a decisão fosse favorável a eles, Rosário se transformaria num verdadeiro ‘inferno’ para os nossos simpatizantes. Mas nós fizemos diferente. Recebemos todas as decisões com serenidade. Não fizemos arruaça, não fomos para a porta de ninguém, não humilhamos nenhuma pessoa do grupo adversário. Nossa postura será sempre a do respeito, mesmo que essa não seja uma reciprocidade.

JC – Logo no início do mandato, o grupo de oposição conseguiu eleger o presidente da Câmara, vereador Hélio dos Santos, o Helhinho. Qual a importância dele nesse processo?

WQ – Muita. O presidente Helhinho tem sido mais que um aliado, mas um amigo, um irmão que aprendi a admirar a cada dia durante sua gestão na Câmara de Vereadores. Continuamos como assessor do Legislativo que, nesse período, exerceu um papel essencial. O presidente garantiu os espaços necessários para a oposição sem desprestigiar a situação. Em outras épocas, os parlamentares de oposição não teriam o mesmo espaço que foi oferecido pelo presidente Helhinho, um verdadeiro democrata. Sua eleição foi fundamental para oxigenar nossas forças e dar o suporte necessário para conseguirmos esperar com serenidade essa decisão da Justiça.

JC – Helhinho ocupando hoje a prefeitura é uma tranquilidade a mais para o grupo?

WQ – Com certeza. Helhinho prefeito é a certeza de que a administração municipal está sendo bem comandada. É um político que está no seu primeiro mandato e que tem expressado uma preferência muito grande pela população pobre de Rosário. Tenho absoluta convicção que nesse período interino o prefeito irá fazer muito mais pelo povo carente de Rosário que o ex-prefeito e o prefeito-cassado nesses mais de nove anos de poder.

JC – E qual tem sido a participação de Wagner Quintela no governo itinerante?

WQ – A de amigo e conselheiro. Vale frisar que não assumi nenhum cargo ou indiquei parente ou secretário municipal. Toda a equipe foi articulada pelo prefeito e são pessoas da sua confiança. Ao seu pedido, tenho participado de algumas reuniões com o secretariado e dado sugestões quando sou consultado por ele. Helhinho tem tido autonomia e, mesmo em pouco tempo, já conseguiu imprimir a sua filosofia de trabalho à equipe.

JC– Já foi possível traçar um diagnóstico da situação da administração municipal?

WQ – Posso afirmar que é uma situação extremamente complicada. A prefeitura vinha sendo administrada de uma forma irresponsável e que só causaria problemas futuros. Mesmo com a excelente arrecadação, Rosário está sem três certidões negativas e o Fundo de Participação dos Municípios bloqueado. A folha de pagamento está hiper-inchada e chega a R$ 1,3 milhão por mês, sendo que dos valores disponíveis para seu pagamento, o município só conta com R$ 1,5 milhão mensal. Há uma quantidade excessiva de gratificações e muitos salários pagos a pessoas que não trabalham na prefeitura. Infelizmente, a gestão do prefeito afastado Vino comprometeu, seriamente, a saúde financeira de Rosário do Catete. Um crime contra a administração pública.

JC– E a cidade como estava sendo administrada? Qual a situação hoje de Rosário do Catete?

WQ – Um verdadeiro caos. Nestes 15 meses de Vino não foi assentado um só paralelepípedo na cidade. Pelo contrário, só destruíram, a exemplo da praça em frente à Câmara Municipal. O hospital permanece fechado; a escola do mutirão continua em ruínas; o Bolsa-Renda, ao contrário do que prometeram em palanque, não foi reativado. A cidade está parada por culpa de uma administração fraca e irresponsável, que só privilegiava alguns poucos, a exemplo da mulher do prefeito afastado que recebia quase R$ 5 mil por mês sem trabalhar. Rosário estava regredindo com essa administração.

JC – Wagner Quintela já está se preparando para a disputa?

WQ – Ainda é cedo para falar em disputa eleitoral. O mais importante agora é o prefeito Helhinho organizar as finanças municipais, tocar projetos voltados ao desenvolvimento social e à melhoria da infraestrutura do município, um setor abandonado pela administração passada. A campanha virá no momento certo e uma possível candidatura minha será tomada em consenso com todo o grupo.Fonte:jornaldacidade.net

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