Você já deve ter se perguntado o que acontece com uma pessoa para que ela se torne uma celebridade na internet fazendo videologs, aqueles vídeos em que a qualidade de produção vai do formato onde o cidadão senta na frente da câmera e diz qualquer coisa que lhe vêm à cabeça até produções mais caprichadas, com direito a convidados e cortes de câmera.
Nesse sentido o debate "Videologs e Livestreamings" que aconteceu na Campus Party foi esclarecedor. Desse debate participaram Lucas, de 16 anos, metade da dupla Vagazóides que posta vídeos sobre vários assuntos na rede; Rodolfo Castrezana, administrador do site Omedi, que também produz vídeos de bate-papo ao vivo com convidados e internautas e PC Siqueira, que atingiu o estrelato com o videolog “Mas Poxa Vida” onde cada vídeo tem cerca de 100 mil vizualizações.
Nas próximas páginas, separamos alguns causos e pontos fundamentais desse debate que podem ajudar você a montar seu próprio canal de transmissão e, quem sabe, se tornar o próximo PC Siqueira.
Como começa um Videolog?
As teorias são muitas, mas o mais provável é que os videologs surjam por brotamento espontâneo. A velha máxima de Glauber Rocha que dizia que “cinema é uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” atingiu seu ápice com a internet onde qualquer um pode dizer o que pensa usando apenas uma webcam e uma conta no Youtube.
Esse caráter meio anárquico é que permite que o trabalho comece mesmo sem qualquer referência técnica, caso de Rodolfo que começou sem nenhuma inspiração: “comecei a transmitir direto da primeira Campus Party. Era tudo novo, não tinha nada parecido. Na madrugada a gente assistia ao JustinTv (videoblog estadunidense). Hoje tem o twitcam e dá para fazer qualquer coisa e o povo pode gostar ou não”, conta.
O consenso é que certos assuntos ou formatos são sucesso imediato. Imagens que apelam ao imaginário erótico, por exemplo, como observa Rodolfo: “Ontem tinha duas meninas dançando funk e transmitindo ao vivo. Mais de três mil pessoas estavam assistindo”.
Já Lucas fazia stand-up comedy mas tinha uma vergonha tremenda de aparecer em público. Foi aí que resolveu chamar um amigo que tinha uma câmera para gravar seus comentários e piadas.
O equipamento e as técnicas
A verdade é que hoje basta uma webcam para fazer um videolog, mas o equipamento pode variar. Com o tempo, alguma edição – se o programa não for feito ao vivo –também ajuda. Para edição, Lucas começou usando o programa Videospin “mas a licença expirou”, conta. “Depois passei para o FinalCut, que também expirou. Hoje uso o iMac e consigo fazer em uma hora o que antes levava três”. O problema com Lucas é que a filmadora que ele usava quebrou, e ele está sem dinheiro para comprar outra, o que fez com que ele parasse a produção momentaneamente. Já para PC Siqueira, o áudio é mais importante que o vídeo, que por sua vez é mais importante que o texto do videolog. “Antes de começar é bom testar bastante o áudio. Ver se onde você vai gravar não tem muito som externo. Às vezes você está falando e um ônibus passa na rua fazendo mais barulho do que você falando”. Tudo isso soa muito mambembe, mas o espírito é esse mesmo. Como diz Rodolfo: “Na internet, profissionalismo é para os fracos”.
Como divulgar
Você tem um videolog e até que ficou bacana. O problema agora é como divulgar seu trabalho. Não existe mágica. Normalmente tudo começa com a divulgação entre amigos que irão espalhar para conhecidos, de maneira orgânica, se a coisa for realmente boa.
Esse foi o caso de PC Siqueira: “comecei passando para amigos. Os primeiros vídeos tinham umas 200 visualizações. Ouço tempo depois cheguei em 600, 700. No fim do primeiro mês eu já tinha 30000 visualizações”. Lucas preferiu começar mandando seus vídeos para blogs que tinham relação com os temas que ele comentava. Nenhum respondeu. Passou a divulgar os vídeos para os amigos da escola e a coisa foi crescendo aos poucos. “Não foi nenhum viral, mas no fim foi melhor para eu me acostumar com a audiência. Se eu saísse de 100 acessos para 100 mil eu não ia saber o que fazer”, conta.
O caso de Rodolfo foi um pouco diferente. O blog Omedi já existia e já era conhecido. O vídeo foi apenas uma nova ferramenta adicionada ao blog. “O Omedi não é de um blog só de transmissão. Começamos a fazer os vídeos e a coisa começou a pegar mesmo quando a gente passou a chamar convidados. Chegamos a conseguir o Roger, do Ultraje a Rigor e o Hélio de la Peña, do Casseta e Planeta, que foi bem engraçado: ele estava online de madrugada esperando para falar com o filho dele na Austrália e acabou topando bater um papo com a gente para passar o tempo”.
Como saber que o videolog deu certo?
Na verdade o sucesso é muito fácil de ser medido. Na maior parte das vezes ele vem com críticas ou com elogios. Em outros casos, como o de PC Siqueira, o sucesso foi tanto que começou a mudar sua “rotina normal”: “eu percebi que a coisa estava grande quando não conseguia mais responder meu Twitter. Depois foi meu trabalho normal que começou a atrapalhar o blog. Aí eu vi que tinha que tomar uma decisão. Resolvi ficar só com o vídeo”.
Rodolfo coloca como definidor do sucesso o dia em que a organização da Campus Party o chamou para cuidar da transmissão online do evento. “Acho que isso não é o topo, mas é um grande começo”.
Lucas vê o sucesso com o reconhecimento do público: “Percebi que tinha chegado lá quando me pararam no shopping para tirar fotos comigo”, conta.
E o que um videolog tem que a TV não tem?
Para PC Siqueira o grande ponto do videolog é a individualidade: “você pode ser você mesmo, aliás você têm que ser você mesmo, esse é o ponto; a TV te impõe um personagem feito sob medida para agradar todo mundo, porque eles tem que agradar muita gente”, pondera.
Rodolfo pensa que a grande diferença entre os dois está na questão do anunciante: “tudo o que é feito na TV é feito pensando no anunciante o que impede que a gente seja a gente mesmo. Na internet, o máximo que pode acontecer é a gente levar um processo se a gente falar mal de alguém, mas a gente tem a liberdade de falar o que a gente quiser”.
O debate esquenta nesse ponto. PC lembra que os videologs também podem ter anunciantes, mas de um jeito diferente: “Eu tenho gente que me liga para fazer anúncios, mas eu sempre lembro que eu não vou mudar meu programa por causa do anúncio e não vou mandar para ninguém aprovar”. Rodolfo rebate com uma questão mundana: “mas e se alguém precisar do programa para pagar o aluguel? Não vai fazer o que o anunciante pedir?”. PC contemporiza: “pode ser, mas esse é o jeito que eu trabalho, acredito que a minha marca é mais importante”.
No fim todos concordam que a grande sacada dos videologs é que o criador tem total controle sobre sua criatura, inclusive controle para abrir mão do que você criou. É possível ser você mesmo, gostem quem gostar, desgoste quem desgostar.
Acesse os sites dos participantes
PC Siqueira: Mas Poxa Vida
Rodolfo Castrezana: Omedi
Lucas "Vagazoides": Vagazoides
Fonte: http://tecnologia.br.msn.com/noticias/artigo.aspx?cp-documentid=27330238&page=0
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